Criação de Filhos - O excesso de disciplina.
Em certos casos, o excesso de disciplina também pode levar os filhos à ira. Alguns crentes têm reagido à permissividade em nossa sociedade, mas a reação tem sido má. A Palavra de Deus é o padrão de vida do crente. Ela é sempre equilibrada, nuca extrema.
Em certos casos, o excesso de disciplina também pode levar os filhos à ira. Alguns crentes têm reagido à permissividade em nossa sociedade, mas a reação tem sido má. A Palavra de Deus é o padrão de vida do crente. Ela é sempre equilibrada, nuca extrema. A reação desequilibrada se deve a um raciocínio pendular, que normalmente leva a um extremo mau. Os pais devem agir biblicamente, e não reagir sem equilíbrio. Os pais concluem acertadamente que precisam cuidar melhor da questão da disciplina. Assim, alguns passam severamente ao outro extremo. E os extremos são antibíblicos.
Por exemplo, papai descobre que deve ser o cabeça do lar e está investido da autoridade de Deus. Então, veste seu uniforme, dá brilho nos botões de metal do casaco, na estrela presa ao peito e no distintivo do quepe. Depois, vai exibir sua farda, balançando seu cassete de policial. Ocasionalmente - só para a turma lembrar - ele dá pancadas pequenas de cassetete na cabeça dos filhos. Esse uso arbitrário da autoridade de Deus é um grande erro. Exibir autoridade sempre é errado. Falar dessa autoridade, quando não há razão para isso, muitas vezes conduz a um uso errado. O exercício da autoridade pelo simples prazer de exercê-la mostra que o pai é incapaz de reconhecer que recebeu a autoridade visando ao benefício do filho. Essa asseveração de autoridade provoca com frequência o estabelecimento de regras tolas e xcessivamente rígidas. Se os mandamentos de Deus não são pesados (cf. 1 Jo 5:3), por que nossos mandamentos deveriam ser pesados?
Outra área em que os pais “desligam” inconscientemente os filhos é no culto familiar. Estes são frequentemente dirigidos como se visassem apenas aos filhos. O culto familiar deve visar à família e não apenas aos filhos. Em vez de dar a impressão de que a leitura da Bíblia e a oração são apenas para crianças, de vez em quando um ligeiro debate sobre a aplicação de uma passagem bíblica à vida, por parte do papai e da mamãe, pode ter um grande efeito em mostrar o lugar vital que a Palavra de Deus deve ter no desenvolvimento prático da vida diária em um lar criistão.
Quanto a isso, devemos notar que os filhos precisam ver as diferenças de opinião entre os pais. Todos os desentendimentos não devem acontecer a portas fechadas. Mas os filhos precisam ver também como os pais resolvem de maneira cristã esses desentendimentos. Em caso contrário, os pais falharam em ensinar seus filhos a solucionar os problemas do matrimônio à maneira de Deus.
Acompanhando o excesso de disciplina, surge frequentemente a injustiça no castigo. Pais muito disciplinadores usam marreta para pregar tachinhas. Os filhos têm tendência de ficar exasperados com esse tipo de tratamento. Essa atitude dos pais produz castigos tolos ou inapropriados. Um pai excessivamente disciplinador nunca aprendeu a distinguir as coisas. Por exemplo, imaginemos que um filho comece a responder aos pais. Sempre que ele usar linguagem atrevida com os pais, isso deve ser desestimulado. Esse filho precisa ser disciplinado. Deve ser ensinado que isso é desonroso para os pais e um pecado diante de Deus. Não deve ser ensinado apenas verbalmente, mas também com castigo físico. Mas, como fazê-lo? Bem, em primeiro lugar, o pai deve certificar-se de que não exagerar no castigo. Se não o fizer, talvez aconteça que, além de desestimular respostas atrevidas, o pai também desestimular qualquer tipo de conversa. Talvez desestimular a comunicação vital; e isso é a ultima coisa que um pai deve fazer. Assim, por um lado ele deve desestimular, resolutamente, respostas atrevidas; mas, por outro lado, o pai nunca deve desestimular a discussão genuina, que inclui apresentar razões, explicações e informações sobre as quais o filho se sinta motivado a falar. Os pais podem entender mal certas situações. Novas informações podem fazer diferença. O filho pode ter um argumento realmente bom e deve ter oportunidade de expressá-lo.
Quando o filho tiver algo a dizer, deve ser encorajado a fazê-lo (no espírito certo, é claro). Por que os jovens desistem? Por que as comunicações são interrompidas? O que leva os jovens a isolar seus pais, recusando-se a conversar com eles? Isso acontece muitas vezes porque os pais se recusam a ouvi-los.
Quando lhes é negado o acesso aos pais repetidas vezes, os filhos são tentados a reagir negativamente. Eles dizem: “O que adianta?” Desistem e dizem, exasperados: “ Vou conversar com outra pessoa”. Portanto, os pais devem aprender a distinguir entre a resposta atrevida, que precisa ser silenciada, e a comunicação válida, que precisa ser estimulada.
“Como posso distinguir entre as duas coisas?”, você pergunta. É difícil fazer essa distinção. Mas, por que você tem de tomar essa decisão? Deixe que os próprios filhos façam distinção entre as duas coisas. Ponha a responsabilidade sobre os ombros deles, logo que tiverem idade suficiente para entender a distinção. Mesmo filhos mais novos podem cooperar, usando um sinal para anunciar a verdadeira comunicação. Você pode dizer: “Por que não combinamos uma frase ou um gesto pelo qual você pode nos mostrar que tem algo importante a dizer?” Você pode usar qualquer frase ou gesto que quiser, mas, se lhe falta imaginação, tente a frase clássica: “Escute aqui”. Sempre que o filho inicia uma declaração com essas palavras, numa situação de disciplina, ele deve saber que será ouvido. Além de oferecer ao filho a atenção dos pais, essa providência oferece aos pais alguns segundos para reduzir a marcha, diminuir o ritmo e pensar no que está por vir. E o melhor de tudo é que isso põe sobre o próprio filho a responsabilidade de distinguir entre as duas coisas. E é ele quem deve resolver. É claro que você precisa adverti-lo de que esse privilégio não deve ser mal empregado. Elle não pode usar esse privilégio atrevidamente. Não pode falar de modo pertinaz ou retaliatório. Esse privilégio é destinado a manter livres os canais da comunicação e deve ser usado somente com esse propósito.

Outra área em que o excesso de disciplina entra em cena é na importância de aprender a distinguir entre o que deve ser aplicado como regra e o que o filho deve aprender por si mesmo. Quando um filho chega àquele momento da vida em que está pronto a aprender a usar um balanço, este exerce sobre ele uma atração tremenda. Ele quer aprender, mas parece ser ainda incapaz de andar com segurança! No entanto, o balanço é tudo para ele. E mamãe fica imaginando: “Será que devo permitir que este menino, que mal sabe andar, brinque neste balanço?” Ela não quer permitir. Sabe que, se o fizer, o menino arranjar uns galos, cortes e arranhões. Haverá derramamento de sangue; felizmente, não muito. Assim, mamãe tenta adiar tanto quanto possível, mas o inevitável acaba acontecendo. O que ela faz quando chega o dia fatídico? Se ela for sábia, colocará o filho no balanço, mostrará como balançar-se e assim por diante. Ficará com o menino até que ele pegue o jeito do negócio; mas, finalmente, terá de sair dali. Não poderá permanecer junto ao balanço pelo resto da semana. Aperta os dentes e espera pelo grito inevitável. quando este vem - e virá inevitavelmente - , o garoto arranjou suas contusões. Ele também precisa aprender com os ferimentos.
Por outro lado, se este mesmo menino atravessa a cozinha correndo em direção à chama do fogão, para agarrar aquela “luz bonitinha”, o que mamãe faz? Será que lea diz: “Deixe-o aprender sozinho?” É Claro que não. Rapidamente, ela dá uma palmada na mão do menino e diz: “Não!” Para o bem do menino, ela o mantém à distância de qualquer perigo sério. Ele poderia queimar os sensíveis ligamentos de suas mãos e inutilizá-los para o resto da vida. Ela não ousa permitir que o filho pegue a chama.
Os pais precisam distinguir entre casos de balanço e casos de fogo. Lembre que é mais fácil fazer isso quando o filho tem pouca idade; mais tarde, será mais difícil. Pergunte a sim mesmo: “usar jeansk e cabelos compridos é um caso de balanço ou um caso de fogo?” Você precisa fazer essa pergunta. Por outro lado, imaginemos que seu filho adolescente queira experimentar drogas. Isso será um caso de balanço ou de fogo? Há alguma diferença entre usar drogas e usar cabelos compridos? Por um lado, há alguns ferimentos que são necessários? Por outro lado, há fatores cruciais em que o pai deve intervir e dizer não?
Tomemos outro exemplo de excesso de disciplina: dizer não para tudo. Esse é um assunto vital que deve ser considerado pelos pais. Às vezes, alguns pais fazem de qualquer coisinha uma batalha. Normalmente, esses pais dizem pouca coisa além de “não”. Imagine que, todas as vezes que você se volta para seu cônjuge ou alguma outra pessoa, recebe como resposta apenas “não”. Imagine que nunca há uma palavra de incentivo ou apreciação. Imagine que essa pessoa nunca lhe diz: “Sabe uma coisa, você caprichou realmente neste trabalho!” Imagine que ela parece ver apenas as coisas erradas que você faz. Imagine que ele nunca o observa com olhos amorosos. Imagine que ele está sempre a corrigi-lo por uma coisa ou outra. E imagine que, cada vez que você lhe pede algo, ela acha um erro e sempre consegue introduzir a palavra não em todas as conversas. Depois de algum tempo, como você se sentiria?
No entanto, como você sabe, é exatamente assim que muitos pais agem com seus filhos. Não dizem nada a respeito das coisas boas que os filhos fazem. Deixem de estimulá-los totalmente. Pelo contrário, a atenção dos pais é atraída somente ao barulho, ao vaso quebrado, aos pés sujos e assim por diante. As coisas negativas atraem por si mesmas as nossa atenção; por isso, é mais fácil nos concentramos nas coisas negativas. Essas é, frequentemente, a única orientação do pai. Ele está interessado em eliminar comportamentos errados à mesa e coisas semelhantes. Os pais crentes devem reconsiderar esse tipo de assunto. Não devem esquecer as ocasiões em que seus filhos obedecem e fizeram o que é certo. Não devem deixar de notar as vezes em que os filhos não os deixaram embaraçados. Elogiar as coisas certas exige muito esforço - muito mais do que é necessário para condenar as coisas erradas.
É interessante notar que o mandamento dado aos filhos - “Honra a teu pai e tua mãe” - é positivo. Não é um mandamento negativo como: “Não furtarás”, “Não matarás”. Nem todos os mandamentos são negativos, apenas alguns deles. Este mandamento para os filhos não é negativo. É uma diretriz positiva: “Honra a teu pai e a tua mãe”.
Outro fato interessante que Paulo destaca é que este mandamento é o primeiro mandamento acompanhado de uma promessa: “Para que te vá bem, e seja de longa vida sobre a terra”. Há uma promessa, uma recompensa, um estimulo. Entre todas as promessas, os crentes deveriam ser os primeiros a reconhecer e a utilizar recompensas e incentivos para ensinar disciplina a seus filhos.
O partidários do behaviorismo falam de recompensas, mas analisada com profundidade, a recompensa não é realmente uma recompensa. É um meio de manipulação. Não respeita a imagem de Deus na criança. No behaviorismo não há lugar para a obra do Espírito Santo no coração e na conversão da criança. Não há a menor consideração pela obra expiatória de nosso Senhor Jesus Cristo, que veio a este mundo derramar seu sangue em favor de seu povo. Há crianças, bem como adultos, que crêem em Jesus. Além de terem o coração purificado pela obra do Espírito Santo, que age nelas para que vençam a velha natureza pecaminosa, com a qual nasceram. Além disso, o poder do Espírito Santos ajuda as crianças a buscarem os mandamentos de Deus até que consigam obedecer-lhes e recebam a recompensa prometida a essa obediência. Os behavioristas não têm interesse veerdadeiro no indivíduo, no sneitdo bíblico da palavra. A mentalidade deles é coletiva. No entanto, falam (erroneamente) de recompensas, mais do o fazemos crentes. O mandamento mostra a maneira pela qual o próprio Deus motiva os seus filhos. Ele o faz com uma promessa. Apresenta uma recompensa. As recompensas não excluem o castigo. Todavia, é interessante notar que a ênfase neste mandamento recai sobre a recompensa.

Talvez agora seja vital esclarecer que a disciplina com a vara é bíblica. O uso da vara é defendido em todo o livro de Provérbios. Os filhos devem ser disciplinados com a vara. “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela”. E, assim como deixamos de enfatizar a recompensa, assim também perdemos a Enfase bíblica quanto ao uso da vara. A vara é um castigo rápido e bondoso. Às vezes, os filhos questionam a palavra bondoso. No entanto, não há castigo mais bondoso do que a vara. A ênfase bíblica sobre o uso da vara não permite que os pais causem ferimentos, fraturas e coisas semelhantes nos filhos. Não é esse o alvo do mandamento. Mas a vara aplicada cuidadosamente, com amor, sentido e propósito (com a medida certa de força), é a forma mais bondosa de castigo. Hoje, os prisioneiros passam longos anos na prisão. Falamos sobre a reabilitação, mas parece que estamos chegando a lugar algum. Alguém pode perguntar se as chicotadas não produziriam melhor resultado. Talvez o prisioneiro poderia ser liberto mais rapidamente para começar uma vida nova.
De qualquer maneira, ao discutirmos o assunto com os filhos, durante o aconselhamento, eles mesmos parecem apresentar-nos essa opinião. Quando têm o privilégio da escolha, preferem invariavelmente o castigo físico às longas torturas de privilégios perdidos durante vários dias ou semanas. Quem diz que o castigo na forma de perda de privilégios é mais bondoso? Isso é como submeter o filho à tortura de estiramento. Além do mais, dia após dia, papai e mamãe têm de manter uma atitude fria e negativa em relação ao filho. O filho está “no gelo”. Seus pais se mostram alheios a ele por vários dias. Isso é, realmente, bondade? Isso é tortura.
É muito melhor submetê-lo à disciplina amorosa, através da vara. O uso da vara na região dos glúteos tem duas vantagens: primeira, oferece campo livre para disciplinar - é impossível o pai errar o lugar de castigo. Você dá uma pancada seca exatamente no lugar apropriado. Todavia, o mais importante é que o filho não coloque as mãos entre a vara e o lugar sobre o qual esta vai cair. A reação natural da criança é proteger-se com as mãos. Por isso, os pais precisam tomar cuidado para que os dedos do filho não acabem levando as pancadas. Mas o movimento da vara é mais rápido do que o das mãos. Assim, “ficar na posição” é uma medida de segurança. Alguns pais afirmam que a vara possui um efeito amoroso.
Falando com seriedade, uma disciplina rápida e bem dada permite que surja, imediatamente, um relacionamento de ternura e afeição? O castigo acabou. Não há necessidade de deixar a criança “no gelo” durante vários dias ou horas. O filho grita, berra, esperneia e chora; depois, você o toma em seus braços. Ele já pagou sua pena. Tudo acabou. Esse é o método básico que Deus usa para castigar.
Texto extraído do livro "A vida cristã no lar" de Jay Adams.
Revisão: Bárbara Guinalz - Equipe Educalar
Imagem: Canva Educalar
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