Jesus, O Mestre por Excelência: Uma Reflexão Sobre Educação Cristã

Em meio a tantas teorias pedagógicas e abordagens educacionais que surgem a cada dia, nos perdemos muitas vezes em métodos complexos e filosofias contraditórias.

Jesus, O Mestre por Excelência: Uma Reflexão Sobre Educação Cristã

Em meio a tantas teorias pedagógicas e abordagens educacionais que surgem a cada dia, nos perdemos muitas vezes em métodos complexos e filosofias contraditórias. Quantos de nós, pais educadores, já não nos sentimos sobrecarregados pela quantidade de informações, livros e teorias sobre como ensinar? E, no entanto, parece que estamos cada vez mais distantes de encontrar respostas verdadeiramente satisfatórias para nossas questões educacionais mais profundas.

Como bem expressa o texto de Paul Jehle:

"Muitas pessoas que atualmente estudam pedagogia teriam dificuldade em dizer que o trabalho de ensinar é coisa simples. Mesmo que o breve sumário apresentado anteriormente demonstre construir logicamente um passo de cada vez, no contexto das instituições divinas, isso é praticamente único em comparação com as teorias psicológicas conflitantes e as contraditórias filosofias da moda."

É nesse contexto que o livro "Ensino e Aprendizagem - Uma abordagem Filosófica Cristã" de Paul Jehle nos convida a uma reflexão transformadora. Em seu quarto capítulo, "Jesus, O Mestre por Excelência", o autor nos leva de volta à simplicidade e à eficácia do modelo educacional mais bem-sucedido da história: o método de Jesus Cristo.

Paul Jehle mais conhecido por seu livro "Educação por Princípios - Fundamentos do Currículo Escolar" nos chama de volta ao método simples que as Escrituras nos apresentam.

Voltando à Simplicidade do Ensino

Quando analisamos o panorama atual da educação, encontramos um cenário de confusão. As teorias se contradizem, os métodos se multiplicam, e muitos educadores cristãos acabam caindo na armadilha de adotar práticas da sabedoria mundana, tentando descobrir "o que funciona" através de tentativa e erro, como se a educação fosse neutra em seus princípios.

Paul Jehle apresenta este problema de forma contundente:

"Qualquer pessoa que tenha estudado teorias educacionais atuais pode facilmente concluir, como resultado de seus estudos, que ninguém realmente tem a resposta absoluta a respeito de como alguém deve ensinar, quais métodos devem ser utilizados para que estudantes realmente aprendam de forma correta e como avaliar adequadamente os resultados. A abundante quantidade de livros sobre o assunto nos mostra que não é a quantidade de informação que nos faz falta, mas é a qualidade da filosofia que está com sérios problemas, pois seus frutos têm sido confusão."

E continua afirmando que "os cristãos têm atuado no âmbito horizontal, estudando as novas tendências em teorias educacionais e assim reconstruindo as carroças dos filisteus usadas para mover a arca de Deus, em lugar de fazer o trabalho de casa, carregando-a do jeito de Deus."

Essa afirmação nos confronta diretamente: temos buscado respostas nos lugares certos? Temos nos voltado para o modelo perfeito que está à nossa disposição? Temos tentado criar o "velho" ou temos usado o "simples"?

Jesus como Modelo Educacional Completo

O que torna Jesus um educador tão extraordinário? Paul Jehle nos apresenta este modelo incomparável:

"Como crentes, temos um professor perfeito como modelo. Ele viveu aqui durante trinta e três anos e ensinou abertamente durante três anos. Apesar de que Ele poderia cativar multidões como nenhum outro indivíduo e derrotar o mais erudito opositor de seu tempo em debate aberto, Ele escolheu focar no discipulado de apenas 12 indivíduos (os quais dificilmente poderiam ser considerados como profissionais)."

Sem recursos audiovisuais elaborados, sem reconhecimento institucional formal, e focando em apenas doze discípulos (que estavam longe de ser considerados a "elite intelectual" da época), Jesus transformou completamente o curso da história humana através de seu ensino.

A tradutora do livro, Ines Augusto Borges, expressa com clareza essa centralidade de Jesus no processo educativo:

"Jesus, o Mestre, é o currículo, o conteúdo, o método e a inspiração para o aprendizado. Ele é também o alvo da educação e da vida. É para Ele que devemos, não apenas ensinar e aprender, mas também viver."

Esta é uma perspectiva que muda tudo! Jesus não é apenas um exemplo de bom professor – Ele é o modelo completo que integra todas as dimensões do processo educativo:

  • Jesus é o currículo: Sua vida e Seus ensinamentos constituem o conteúdo essencial.
  • Jesus é o método: Sua forma de ensinar através de relacionamentos, parábolas e experiências práticas define a pedagogia.
  • Jesus é o alvo: O propósito final da educação é formar pessoas à Sua imagem, para a Sua glória.

O Método Relacional de Jesus

O que mais impressiona no método de Jesus é sua simplicidade relacional. Enquanto nos debatemos com teorias complexas, Jesus investiu na vida de pessoas reais, compartilhando não apenas informações, mas toda a Sua vida com eles.

Jesus ensinou através de:

  • Convivência diária: os discípulos observavam como Ele vivia, comia, dormia, orava.
"E, tendo Jesus chamado os doze, passou a enviá-los de dois a dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos imundos. E ordenou-lhes que nada levassem para o caminho..." (Marcos 6:7-8, ARA)
  • Demonstração prática: antes de enviar os discípulos, Jesus mostrava como fazer.
"E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades." (Mateus 9:35, ARA)
  • Perguntas provocativas: em vez de respostas prontas, Jesus fazia perguntas que estimulavam o pensamento.
"E perguntou-lhes: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Simão Pedro disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo." (Mateus 16:15-16, ARA)
  • Parábolas contextualizadas: histórias simples que conectavam verdades profundas com a realidade cotidiana.
"Tudo isto disse Jesus por parábolas à multidão e sem parábolas não lhes falava; para que se cumprisse o que foi dito por intermédio do profeta: Abrirei em parábolas a minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo." (Mateus 13:34-35, ARA)
  • Desafios graduais: Jesus aumentava progressivamente a responsabilidade confiada aos discípulos.
"Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século." (Mateus 28:19-20, ARA)

A Educação no Contexto Multigeracional

Um aspecto fundamental destacado por Paul Jehle é a importância do contexto multigeracional para o aprendizado verdadeiro. O autor é enfático ao afirmar:

"O processo bíblico de ensino e aprendizagem também inclui a prática do discipulado no contexto da igreja. A qualidade única da vida na igreja é essencial para a ceifa adequada de nossos jovens nos anos da adolescência. Até mesmo as melhores teorias relacionadas ao treinamento de jovens, usualmente, colocam os adolescentes em contextos isolados de seus pais, dos demais adultos e a vida cristã na igreja."

Essa observação nos leva a questionar os modelos educacionais que isolam os jovens de seus pais, dos adultos mais experientes e da vida comunitária da igreja. Segundo Paulo Jehle, é precisamente essa fragmentação que nos coloca "sempre atrasados em relação ao cronograma ideal de Deus para a formação do caráter dos cristãos."

Vemos a mesma preocupação da fragmentação da família no livro Pastores da Família, de Voddie Baucham, onde o autor além de chamar o homem a assumir seu papel como pastor de sua família, chama a família a estar unida na adoração pública.

A educação, na perspectiva bíblica, acontece no contexto de relacionamentos intergeracionais, onde os mais jovens aprendem não apenas por instrução formal, mas principalmente por observação, participação e acompanhamento dos mais experientes.

Para Além das Teorias: Resultados que Transformam

O que torna o método de Jesus superior a qualquer outra abordagem educacional é seu incontestável resultado. Paul Jehle destaca com admiração:

"Apesar disso, ele produziu resultados que mudaram toda a história e toda a civilização, por causa de seu ensino. Sem nenhum recurso audiovisual (exceto a própria natureza), e apoiando-se na própria vida e mensagem como foco primário, ele graduou onze homens (um foi reprovado) sem nenhum reconhecimento por parte das instituições de seus dias."

E continua:

"O resultado? Onze homens foram equipados para treinar incontáveis milhares, os quais discipularam incontáveis milhões. O resultado é o firme avanço da mancha do Reino de Deus ao longo da história."

Pense nisso: enquanto muitas teorias educacionais vêm e vão, o modelo de Jesus permanece eficaz após mais de dois mil anos. Seu "material didático" – os evangelhos – continua sendo o livro mais vendido de todos os tempos. Qual teoria pedagógica moderna pode reivindicar tal impacto duradouro?

Um Convite ao Retorno

O capítulo de "Ensino e Aprendizagem" termina com um chamado que ressoa profundamente em nossa realidade educacional contemporânea:

"É tempo de retornarmos a esse tipo de simplicidade. É tempo de estudarmos o Filho de Deus como nosso primeiro modelo de ensino. É tempo, também, de ter como nosso herói educacional, tanto na teoria como na prática, o mesmo que nós reconhecemos como Senhor e nos submetemos ao Seu senhorio. Se assim não for, seremos inconsistentes, na melhor das hipóteses e hipócritas, na pior. Vamos restaurar para a próxima geração a atitude, unção e prática do maior dos professores de todos os tempo..."

Esse convite nos desafia a uma coerência fundamental: se reconhecemos Jesus como Senhor de nossa vida, não deveria Ele ser também o Senhor de nossa prática educativa? Se O adoramos como Salvador perfeito, não deveríamos segui-Lo como o Mestre perfeito?

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Reflexões para Pais Educadores

Como podemos, então, aplicar esse modelo em nosso contexto educacional atual? Algumas questões para reflexão:

  1. Tem sido Jesus o centro da sua educação, ou você tem buscado principalmente inspiração em teorias contemporâneas?
  2. Seu processo educativo integra transmissão de conhecimento com formação integral, como fazia Jesus?
  3. Sua prática educativa acontece em um contexto da comunidade do pacto e intergeracional, ou reproduz o isolamento típico de nossa sociedade fragmentada?
  4. O conteúdo que você ensina está alicerçado em uma sólida cosmovisão cristã?

Que possamos, como pais educadores, redescobrir a beleza e a eficácia do modelo educacional de Jesus – não como mais uma teoria entre tantas, mas como o fundamento essencial de nossa filosofia e prática educativa. Afinal, como nos lembra a tradutora, é para Ele que devemos "não apenas ensinar e aprender, mas também viver."

Este artigo foi baseado no capítulo "Jesus, O Mestre por Excelência" do livro "Ensino e Aprendizagem - Uma abordagem Filosófica Cristã" de Paul Jehle, com tradução de Ines Augusto Borges.


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Texto: Emerson Almeida - Pai Educador
Revisão: Bárbara Beatriz - Equipe Educalar
Imagem: Canva Educalar


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